Top 10: Filmes de 2013 – por Lucas Fratini

Se em 2012 o cinema sentiu saudade de si mesmo, voltando às vezes a sua forma mais bruta e doce para redescobrir sua paixão, em 2013 misturou suas cores para pintar novos ares. Cada diretor experimentou uma paleta própria, arriscando em tonalidades ousadas, sem se preocupar em borrar a moldura e expandir seus quadros para além do material bruto. O resultado desse súbito impressionismo foi algumas das mais inventivas e geniais projeções, que serão lembradas da sua forma por cada pessoa que se acomodou nas poltronas do cinema. Esse mesmo sentimento me apunhala cada vez que risco um nome da minha lista, como se aqueles minutos no escuro já não significasse muito mais para mim.

Então, sem mais delongas, segue, como de praxe, o post mais doloroso do ano, o qual redijo mentalmente durante 364 dias e passo a limpo cada vez que as luzes acendem e sobe o crédito final. Vale lembrar que, apesar da lista levar em conta apenas filmes que tiveram sua estreia no Brasil a partir do dia 1º de janeiro, esse ano houve duas exceções: um filme que não entrou em cartaz, mas circulou aqui e pelo mundo em festivais e chegou em DVD nesse ano, e um documentário que não circulou, não vai circular, nem tem distribuidora ou previsão se um dia virá em DVD, encaixado aqui por ter sua única distribuição no Brasil, a televisiva, ocorrido em 2013.

10 – A Caça (The Hunt)

Thomas Viterberg convida para sua ciranda alguns dos personagens mais complexos dos últimos anos, que bailam em fantásticas atuações.

9 – Procurando Sugar Man (Searching for Sugar Man)

O documentário potencializa através da montagem a faísca investigativa em sua trama, para criar a melhor história policial do ano.

8 – Django Livre (Django Unchained)

Quentin Tarantino encontra em “Django” o desafio de não se repetir e assina seu longa com sangue inocente de filme B dilatado em um blaxpoitation-bang-bang-gráfico sergioleoneano de infalível diversão e sorrisos.

7 – Spring Breakers: Garotas Perigosas (Spring Breakers)

Uma injeção de frescor na linguagem cinematográfica, Harmony Korine sacramenta o bitch flick em uma alucinógena viagem guiada por uma montagem, direção, som e fotografia absolutamente brilhantes e originais.

6 – César Deve Morrer (Cesare Deve Morire)

A tênue linha entre ficção e realidade delimita o espaço dessa bela narrativa sobre fuga e redenção, na qual a arte se manifesta na capacidade do homem de se reinventar.

5 – Amor (Amour)

Há um estudo que registrou a reação espontânea de mães ao ouvirem seus filhos chorando. O resultado evidenciou que a reação inicial é raivosa, seguida por um súbito olhar assassino de quem vai estrangular o bebê, passando em segundos para a carinhosa careta triste que deseja, acima de tudo, acabar com o sofrimento de seu filho. Esse é Amour.

4 – Segredos de Sangue (Stoker)

No filme mais subestimado do ano, Chan Wook Park não se rende aos padrões norte americanos e pinta sua aquarela ocidental com movimentos precisos e cores únicas em um espetáculo de direção que conduz sua trama psicótica até o desfecho.

3 – O Mestre (The Master)

São poucos os diretores que conseguem criar narrativas através das sutilezas que desafiam constantemente o espectador a duvidar e se entregar aos personagens centrais, num denso jogo de damas que se perpetua de forma circular, em que todas as peças possuem a mesma cor.

2 – Gravidade (Gravity)

Alfonso Cuarón realiza o filme que todos aguardavam desde Avatar, ao explorar as inúmeras possibilidades do avanço tecnológico, que, somadas a um complexo roteiro e genial direção, resultam em uma experiência cinematográfica única.

1 – Azul é a Cor Mais Quente (La Vie d’Adèle)

A incomparável sensibilidade de Kechiche ao contar uma história de amor transgride a tela branca em uma projeção cutânea que nos pinta de azul, comove, aquece, desperta, dói, excita, revolta, alegra, toca e apaixona. Por três horas comemos de boca aperta, temos dúvidas, ajeitamos a calça ao atravessar a rua, nosso nariz escorre quando choramos e, acima de tudo, amamos incondicionalmente. Para além das três horas, somos a mesma coisa.

Hors Concours

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O Som ao Redor

Por reanimar o potencial criativo do cinema brasileiro, sem apelar para historicidades ou subúrbio místico, com uma abordagem crua e precisa sobre alguns dos principais agentes da sociedade atual.

Autor: @lucasfratini

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